Na prática profissional de acolhimento familiar é possível observar como as crianças muitas vezes constituem-se numa espécie de campo de batalha dos pais, de maneira a suprir suas próprias demandas emocionais em termos da necessidade de atenção que eles, como casal, não conseguem desenvolver. Este é um exemplo de fronteiras difusas.
As fronteiras difusas podem causar paralisia nos processos de desenvolvimento psicossocial dos envolvidos e por consequência sofrimento psíquico.
Assim, diante do que foi apresentado, convidamos você a pensar nas famílias atendidas em sua prática e observar os tipos de fronteiras que estas apresentam pelo modo como seus integrantes se comunicam e se comportam.
A partir do reconhecimento das fronteiras, torna-se possível pensar em estratégias de ajuda, caso seja necessário. Um exemplo no cotidiano da prática é quando, numa entrevista com a família, observam-se filhos desempenhando as funções do sistema parental, ou seja, quando o poder de decisão dos filhos ultrapassa as decisões dos pais. Este seria um exemplo de “fronteiras difusas” entre o sistema parental (pai e mãe) e fraternal (filhos).
A estratégia de intervenção seria evidenciar essa inversão das funções, convidando os pais a compreender a importância das funções parentais tanto para o desenvolvimento da família bem como de seus integrantes.