Ao se ter como pano de fundo os conhecimentos apresentados na Unidade 1, considera-se importante apontar pressupostos de referências evidenciados por Moré (2014), que como fortes crenças profissionais, devem, necessariamente, estar presentes na postura profissional, permeando toda e qualquer reflexão, conhecimento ou ação, imprescindíveis para o enfrentamento dessa realidade humana, à luz dos contextos de intervenção.

Clique nos números ao lado para conhecer os pressupostos de referência!

Acreditar na família, seja qual for sua configuração, como a principal fonte de recursos para as mudanças frente a um problema. A exposição à violência, seja qual for sua intensidade, faz com que os recursos potencialmente protetores dos integrantes de uma família se encontrem sem possibilidade de expressão, sendo a intervenção um caminho eficaz para seu resgate.

Acreditar na importância das redes significativas e de apoio da família e nos recursos comunitários enquanto redes efetivas que podem gerar mudanças. A violência gera ou sustenta o isolamento social, por sua vez, o trabalho em rede abre possibilidades efetivas de interferir nesse isolamento, gerando novos caminhos de comunicação e implicando seus integrantes, através da corresponsabilização de ações, tendo como consequência, a distribuição da responsabilidade do apoio às famílias.

Acreditar que a escuta profissional e a informação fazem diferença na prevenção da violência. A conversação profissional pode ser transformadora, na medida em que gera a possibilidade de inferir no campo de significação da violência, através da construção de novos sentidos e significados atribuídos a ela, pelos integrantes de um sistema familiar.

Compreender que um saber não cobre o fenômeno da violência como um todo. Diante do reconhecimento da complexidade da temática da violência familiar, torna-se necessário desenvolver uma posição de humildade profissional com relação aos nossos saberes e acolhê-los sob a perspectiva de uma construção conjunta, para poder refletir e agir nos contextos de violência. Isto seria o cerne para o desenvolvimento da postura interdisciplinar e do trabalho ancorado na perspectiva de uma clínica ampliada, no sentido da conjugação de diferentes saberes e práticas para o melhor acolhimento da família.

Compreender que todo saber a ser comunicado precisa, necessariamente, ser ancorado e co-construído à luz dos contextos socioculturais nos quais a família está inserida. Os diálogos profissionais, as mensagens ou palavras que possam vir a serem construídos com a família, terão significado e sentido enquanto possibilidade de transformação ou mudança, quanto mais próxima aos contextos socioculturais em que a família e suas redes estejam inseridas.