Fazendo um paralelo rápido, os atrasos causados pelos viajantes sonolentos, afetando os horários das pessoas no grupo de turistas, é comparável ao fenômeno que ocorre em EaD quando alguém extrapola sua autonomia em atividades grupais, e as cumpre fora dos prazos determinados. Isso afeta diretamente a autonomia dos demais colegas de turma e grupo, das tutorias e de todos os profissionais envolvidos na administração do sistema gestor de uma disciplina ou curso, causando por vezes enormes prejuízos.
Notem que somente foi exigida de cada integrante do grupo em viagem a apresentação de sua carteira de identidade para controles e anotações. Num ambiente de aprendizagem virtual, ou AVA, se preferirem, os estudantes, ou alunos, ou cursistas, realizam o mesmo procedimento, ou seja, ao ingressarem numa disciplina ou curso virtual se identificam e nele ingressam. Fazem isso pela internet por meio de um login (nome de usuário) e password (senha).
Esse mecanismo permite manter a individualidade de cada aluno. Por isso se deu tanta importância ao treinamento sobre como fazer acesso ao sistema. Mas quando iniciarem a viagem virtual na disciplina ou curso, isso deve ficar bem claro, de forma nenhuma é algo que possa ser esquecido, todos encontrarão fronteiras ou limites claros e definidos, que indicam datas de início e fim de cada aula, bem como datas de início e fim de cada atividade ou tarefa. Cabe então, a essas alturas, uma pergunta importante:
O que é necessário para que cada aluno tenha uma rápida adaptação e perceba claramente os limites de sua autonomia em um curso virtual? Em outras palavras: como perceber suas próprias responsabilidades?
O interessante, entretanto, é não ver isso como limite, como restrição, mas como um fato necessário ao bom andamento do trabalho em grupo, é perceber que o trabalho está sendo desenvolvido em grupo, dentro de uma comunidade, em que a contribuição individual de cada um contribui para o êxito de todos.
A exigência é a mesma para um viajante em férias: planejamento (agenda de cronogramas bem definidos) e disciplina (autodeterminação para cumprir o planejado). Caso contrário, da mesma maneira que voos podem ser perdidos e reservas em hotéis também, tarefas em um curso podem ser perdidas por término de prazo e pontuações preciosas para o seu rendimento final prejudicado.
Do mesmo modo um turista pode viajar sozinho, mas certamente não terá muito mais liberdade do que se estivesse em grupo, e com certeza não poderá usufruir da troca de experiências proporcionada pelo contato com outros participantes.
Todos com todos
“[...] vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. [...] Quem ensina aprende a ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. (FREIRE, 2002, p. 25)
Para utilizarmos a Educação a Distância online como modalidade de aprendizagem, se faz necessário valorizar o desenvolvimento da autonomia do aluno. Dessa forma o aprendizado poderá ser direcionando no sentido do “aprenda a aprender”. Reveremos nos próximos tópicos que a autonomia diferencia-se do autodidatismo, o que vai exigir mudanças por parte do aluno, do educador e no processo de ensino.
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Leitura Complementar Segundo o texto que vamos ler, COMUNIDADES VIRTUAIS – UM NOVO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM "o processo de ensino e aprendizagem pode ser definido como o modo que o ser humano adquire novo conhecimento, desenvolve competências e muda o comportamento". Esta leitura lhe ajudará a compreender a função das comunidades virtuais de aprendizagem e como estes espaços midiáticos representam novas possibilidades para o processo de ensino e aprendizagem, tanto no âmbito da educação formal (escolas tradicionais) como no da educação não-formal (educação comunitária, educação para a vida). |