Há limitações, espaços e fronteiras na autonomia de todos nós, de forma implícita, mesmo que alguns nem sempre percebam isso com a devida clareza. Por exemplo: o grupo de turistas ao definir o seu primeiro passeio, mesmo sem de dar conta de forma mais explicita (possivelmente isso não constituía a maior preocupação do grupo), tinha por certo, no texto do roteiro da viagem, data e horário para partida do vôo até Porto Alegre, e estava também agendada a data de retorno, com dia e horário marcados. Analisemos então um pouco essa primeira parte da autonomia que lhes foi assegurada pelo direito legitimamente conquistado de ter férias no período escolhido:
1 – Férias têm data e horário para começar; 2 – A primeira parte da viagem tinha data, horário de partida do voo, companhia aérea específica, hotel específico, companhia de ônibus específica, cidades específicas para ir, cidade específica para retornar. |
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Observação
A autonomia deles, portanto, possuía fronteiras, limites de datas, horários, etc. É possível que o motivo e o contexto da viagem, “férias”, possivelmente tenha contribuído para que não se dessem conta disso. Esse período está muito mais associado à busca de quebra de rotina, o que contribui para que não se perceba nitidamente a existência de fronteiras, nem de sua importância para que o próprio projeto de viagem tenha êxito. E esse fenômeno pode se dar até mesmo em situações onde é inaceitável desconsiderar essas fronteiras. Basta citar, por exemplo, alguém esquecer documentos na hora de um embarque aéreo. |
Não foi descrito no texto, mas até as autonomias possuem níveis. O grau de autonomia de viajar dentro do Brasil é diferente do grau de autonomia para viajar ao exterior. A documentação exigida é diferente. A simples apresentação da carteira de identidade não permitiria que nossos amigos viajantes se deslocassem do Brasil aos Estados Unidos. Teriam que buscar um consulado e providenciarem vistos em seus passaportes, entre outras formalidades necessárias a esse tipo de viagem. O próprio visto é concedido com um prazo e uma finalidade definidos (turismo, viagem de estudos, negócios).
Essa delimitação é necessária para que uma disciplina, ou curso, transcorra de forma organizada, viabilizando tempos mínimos ideais de respostas para colegas e professores às perguntas, aos questionamentos e análises de trabalhos postados, etc. É necessário, portanto, que o conceito de autonomia seja bem compreendido, de forma que as tarefas demandadas em cada módulo, ou tópico, ou qualquer outro termo usado pelo professor de uma disciplina, possam ser enviadas, postadas, transmitidas dentro do intervalo de tempo determinado, para que a(s) tarefa(s) planejada(s) seja(m) concluída(s) com sucesso.
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Exemplo
No exemplo utilizado, os turistas viajaram do Nordeste ao Sul e de lá foram ao Norte, portanto com liberdade plena de se deslocarem à vontade. Acordavam quando desejavam, dormiam quando queriam. O sono pesado pode ter ocasionado que um ou outro tenha perdido a viagem de ônibus às Missões. Esse era um direito de cada uma das pessoas em férias, mas os conhecimentos que poderiam obter se tivessem observado os horários estabelecidos, mantendo-se com o seu grupo, foram perdidos. Além disso, os sonolentos, ao se tornarem retardatários, com sua postura de aventureiros, terminavam por afetar e alterar negativamente os horários e a rotina dos colegas viajantes, dos guias de turismo, dos motoristas, enfim, de todos os envolvidos com o passeio, e prejudicando o sucesso do grupo. Em EaD, portanto, é preciso pensar sempre que se está trabalhando em grupo, e qualquer atitude, de algum modo, pode influenciar. |