Dentro dos meios acadêmicos essa polêmica também se amplificou, principalmente diante dos contrários aos “achistas”. Há uma fronteira tênue de razão, tendo em vista que ser autodidata não significa ser plagiador da produção de terceiros e/ou tão pouco antiético para omitir a fonte autora.
Ser autodidata é pesquisar tomando a iniciativa de fazê-lo e sem esperar comandos, ou ordens, ou determinações de quem quer que seja, ou do que quer que seja. É uma espécie de instinto. Tem suas origens, possivelmente, numa das mais básicas características do ser humano, a curiosidade. A imoralidade e a amoralidade em não citar origens e fontes por parte de alguém com essas características é uma coincidência infeliz.
Ou seja, nem todo autodidata é antiético. E de certa forma o corolário é igualmente possível: é muito possível esconder e disfarçar uma atitude antiética com ares de autodidatismo. E, além disso, para qualquer professor mais experimentado, e com idênticos mecanismos de busca, não fica também muito difícil descobrir as manhas de simples atividades do “copy and paste” (copiar e colar).

Sistemas de ensino lastreados por repositórios e aulas interativas, ou não, estáticas ou dinâmicas, necessitam de cursistas, alunos, estudantes, etc., por natureza com características ao autodidatismo. De interesse de busca para ampliar os horizontes do próprio conhecimento.
Os sistemas educacionais com essas características estruturais e nas quais o volume de usuários normalmente é grande, não pode e não deve dimensionar as suas metodologias nos estilos convencionais de ensino, nos quais a primeira fala e última fala são do professor.
O mundo mudou, e nessa mudança o conhecimento não é mais propriedade de uma só pessoa ou autoridade, nem se encontra mais em apenas uma instituição ou lugar, nem há apenas uma maneira de obter informações.
Outra ótica: ser autodidata exige a posse ou interiorização de filosofias que envolvem sensibilidade, conhecimentos técnicos elementares, ou letramento digital se preferirem, disposição e vontade de aprender, bastante disciplina e humildade para quebrar o estereótipo do “achismo”, sem respaldo em fontes confiáveis, a capacidade de encontrar informações relevantes - o letramento informacional, se preferirem, associados ao hábito de registrar sempre as origens e os nomes dos autores pesquisados, aliados a um constante exercício de espírito investigativo, crítico, cético mesmo.
Para a pergunta aparentemente embaraçosa sobre 1710 ser múltiplo de 9, a resposta é sim. Quer saber como? Recomenda-se aos que não souberem ou não lembrarem a resposta que despertem o seu lado autodidata, e iniciem pesquisas para exercitar o interesse de (re)aprender, ou se (re)carregar com o vírus da eterna vontade de saber. Nesses tempos de vírus A1N1, não há o que temer. Aquele outro é um vírus do bem.
Se um pai pode aprender com seu filho e com a internet, é possível que você cursista possa aprender algo conosco aqui em nosso módulo e com a internet também! Mãos ao teclado!
Deve haver uma atenção, contudo, com situações reais para não sermos tratados como ingênuos ou desinformados. Ser autodidata, mas sem buscar titulação formal é, dentro do universo extremamente competitivo que temos em todos os segmentos de atividade, é correr riscos como:
- perder promoções; |
- impedimento na participação em concursos; |
- falta de embasamento metodológico para fundamentar questões em ambientes de trabalho; |
- falta de referencial quando trabalha em projetos, embora isso possa ocorrer também com pessoas tituladas; |
- não saber vincular teoria com o teórico e suas linhas de pensamento em situações do dia-a-dia de trabalho, ou de ensino. |
Os preconceitos estão à nossa frente. Querem averiguar? Você compraria um livro cujo título e descrição do site de venda dissesse:
- “Interpretação Fácil do ECG Método Autodidata de Interpretação do Eletrocardiograma – Sinopse – Esclarecer os mistérios do Eletrocardiograma e facilitar a sua interpretação, através de um método autodidata, é a chave do sucesso deste clássico da literatura médica, já em sua sexta edição, com milhares de exemplares vendidos. Desde a sua primeira edição esta obra tem auxiliado a compreensão do outrora complicado mundo da eletrocardiografia. Nas sucessivas edições, os autores ampliaram os capítulos que apresentavam maior dificuldade ao leitor e incorporaram novas seções, com o objetivo de sempre oferecer o que há de mais atual na especialidade, de maneira didática, objetiva e prática. Desta forma, este livro consegue introduzir o eletrocardiograma na vida dos profissionais, residentes e estudantes que pensavam jamais ter condições de interpretar esse tipo de exame, ao mesmo tempo em que coloca ao dispor dos especialistas a fonte de consulta mais atualizada da área.”
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