Que tal, então, conhecer uma boa prática de atendimento à saúde? Trata-se do rastreamento.
O rastreamento ou screening (termo utilizado na literatura internacional) é definido como o exame de indivíduos assintomáticos para a identificação presuntiva de doença ou marcadores de doença não reconhecida anteriormente.
A detecção de problemas, antes mesmo de o indivíduo apresentar sintomas, permitiria instituir o tratamento em fases ainda mais iniciais, diminuindo a morbidade e a mortalidade devidas à doença. Mas aqui cabe um importante alerta: o rastreamento não é inócuo e sua indicação pelo médico de família deve ser baseada na literatura científica vigente.
Um exame para ser aplicável no rastreamento deve ter as seguintes características: ser seguro, relativamente barato e aceitável pela população, ter sensibilidade e especificidade comprovadas, além de relação custo/efetividade favorável.
Como podemos ver, ainda são poucas as doenças que hoje têm indicação de rastreamento. Mas, apesar disto, é crescente a procura por "exame" pelos indivíduos assintomáticos. Esta prática é ocasionada pela mídia, pois dissemina informações não-científicas para alguns profissionais não estudiosos do tema.
Assim, é importante compreendermos que, quando propomos o rastreamento sem evidência cientifica, além de não ter nenhum benefício para o indivíduo, podemos submetê-lo a procedimentos desnecessários e até mesmo deletérios. Devemos sempre buscar maior clareza sobre os benefícios e riscos do rastreamento.
Saiba mais:
Estas duas instituições podem ser acessadas: U.S. Preventive Service Task Force. Disponível em: http://www.ahrq.gov/CLINIC/uspstfix.htm. Acesso em: 7 jul. 2010. CANADIAN Task Force on the Periodic Health Examination. Disponívem em: http://www.ctfphc.org/. Acesso em: 7 jul. 2010. Além destas, temos uma outra instituição que realiza revisões sistemáticas, o Cochrane, que pode também ser acessado no seguinte endereço: COCHRANE BVS.