O trabalho do médico de família e comunidade (MFC) tem como características a longitudinalidade, o vínculo e a coordenação do cuidado das pessoas de sua comunidade.
Quanto mais tempo estamos na comunidade, mais vamos conhecendo os nossos usuários. Certamente você ou algum profissional próximo a você já fez o pré-natal e segue acompanhando a criança ao longo dos anos, não é? Os usuários, também ao longo do tempo, vão identificar o "seu médico" como o seu "prestador de cuidado".
Por estas características de trabalho, é importante que o MFC tenha habilidade de comunicação e de estabelecer uma boa relação médico-paciente.
Reflexão:
Mas o que é uma boa relação médico-paciente?
Consideramos uma boa relação médico-paciente aquela que é centrada na pessoa e não na doença.
As pessoas que procuram o nosso atendimento são pai, mãe, avô, avó ou filho. Estabelecem relações, desenvolvem atividades e possuem uma organização de vida que pode ou não ser saudável. O contexto de cada pessoa envolve sua família, amigos, religião, trabalho e recursos de saúde. Entender tal contexto permite que o médico de família não veja o problema de saúde de forma isolada, mas talvez uma resposta ao stress, crise no ciclo vital, alteração na dinâmica da família... Ou ainda usar o contexto para auxiliar na busca de soluções para os problemas enfrentados.
Uma das formas mais efetivas é um método sistematizado chamado de Abordagem Centrada na Pessoa.
Este método fornece alguns passos que auxiliam no desenvolvimento de uma boa relação médico-paciente. Ele foi criado para que as expectativas tanto dos médicos como dos pacientes sejam atendidas.
Veja, a seguir, alguns passos que auxiliam no desenvolvimento de uma boa relação médico-paciente.
Você pode estar se perguntando: como ter tempo na realidade da atenção primária brasileira para desenvolver este método?
O tempo pode ser um limitador da abordagem centrada na pessoa. O que aconselhamos é priorizar algum dos passos citados de acordo com a necessidade do caso e fazer uso do vínculo e da longitudinalidade para o desenvolvimento de uma atenção centrada na pessoa.
Saiba mais:
Você quer saber mais sobre o tema?
Indicamos a tese de mestrado do Professor José Mauro Ceratti Lopes, que está disponível em: LOPES, J. M. C. A pessoa como centro do cuidado: a abordagem centrada na pessoa no processo de produção do cuidado médico em serviço de atenção primária à saúde. 2005. 222 f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. Disponível em: