O câncer de boca é considerado em nossos dias como um dos problemas de saúde pública de maior relevância. Isto porque a sua incidência vem aumentando a cada ano. No entanto, muito se pode fazer para diminuir este quadro e uma das principais ações deve acontecer na atenção básica, quando do atendimento odontológico dos pacientes que procuram os serviços de saúde. O dentista deve aproveitar o momento do atendimento não só para resolver a queixa principal, o motivo que levou o indivíduo a procurar atendimento, mas também para realizar um exame mais minucioso, buscando sinais e sintomas que possam evidenciar lesões pré-malignas, ou fatores que coloquem em risco a saúde do seu paciente.
O câncer bucal (carcinoma epidermoide bucal) é uma doença multifatorial relacionada a fatores de risco intrínsecos e extrínsecos. Os principais fatores intrínsecos são o estado geral de saúde do paciente (desnutrição/anemia), alguns fatores ambientais e os fatores genéticos. Os principais fatores extrínsecos são o uso do fumo, álcool, a exposição à radiação e a infecção por vírus oncogênicos (HPV 16 e 18).
A grande possibilidade de prevenção do câncer bucal esbarra na falta de conhecimento dos fatores de risco pela população (fatores diretamente ligados a hábitos e comportamentos considerados pelo senso comum como sociais, portanto aceitáveis) e na conduta inapropriada dos dentistas quanto à preocupação com o diagnóstico, solicitação de biópsia para casos suspeitos, tratamento e monitoramento do seu paciente. Além disso, o dentista deve utilizar linguagem acessível no momento das orientações e recomendações de condutas que efetivamente possam ajudar a população a se prevenir desta doença.
Dentre os fatores predisponentes, dois são de difícil controle: o uso do tabaco e de álcool. E por que isso? Estes produtos são de fácil acesso à população, encontrando-se disponíveis em cada esquina do nosso bairro e a um custo bem acessível. Apesar de o governo estar tentando, por meio de medidas educativas e legislativas, diminuir seu consumo, boa parte da população ainda tem acesso e em idades cada vez mais precoces.
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E se o indivíduo não fizer uso do cigarro, charuto e cachimbo, mas simplesmente tiver o hábito de mascar o fumo em corda/rolo? Também estará sob risco, pois a literatura comprova que o uso de tabaco sem fumaça está relacionado ao desenvolvimento de câncer de boca.
Com relação aos meios de prevenção, é aconselhável evitar a exposição ao sol nos horários em que ele é mais forte (radiação ultravioleta) ou só fazê-lo com a proteção de chapéu de aba larga ou boné, filtro solar e protetor labial com fator de proteção acima de 30.
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Concluindo, a prevenção e a detecção precoce do câncer de boca dependerão de vários fatores, alguns diretamente ligados ao dentista, como a execução de exame clínico adequado, estabelecimento de tratamento adequado, encaminhamento a centros de referência, assim como o trabalho em educação visando conscientizar as pessoas para abandonarem os fatores de risco (hábitos incorretos), outros relacionados aos indivíduos, que dependerão do grau de seu conhecimento a respeito deste problema de saúde, dos fatores de risco e das condutas que deverão tomar. Ademais, há ainda o lado do governo, no estabelecimento de legislação específica de combate principalmente ao fumo e ao álcool e da instituição de políticas públicas que proporcionem estrutura em suas unidades básicas de saúde para acolher aqueles indivíduos que queiram deixar de fumar e beber, promovendo grupos de apoio e até de assistência psicológica.
Reflexão:
Você tem se preocupado em quando examina um paciente identificar quais são os fatores de risco mais importantes relacionados com o câncer de boca? É imprescindível que você se sinta capacitado para conscientizar seu paciente sobre o perigo que ele corre quando exposto aos fatores de risco e os argumentos formulados neste texto e na literatura podem ajudá-lo na hora de convencer o paciente a abandonar os fatores de risco.
É imprescindível que, o dentista da atenção básica tenha formação não apenas técnica e científica acerca dos problemas de saúde bucal, mas também visão crítica do significado social de hábitos inapropriados em relação à saúde como um todo, e saiba quais são as possíveis maneiras de se chegar à população para fazê-la entender que também tem responsabilidades com a manutenção de sua saúde.
Saiba Mais:
HOSPITAL A. C. CAMARGO. Disponível Aqui. Acesso em: 28 fev. 2010.
OLIVEIRA, L. R. et al. Perfil da incidência e da sobrevida de pacientes com carcinoma epidermoide oral em uma população brasileira. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 42, n. 5, p. 385-392, out. 2006. Disponível Aqui. Acesso em: 25 fev. 2010.
SANTOS, P.P.A. et al.Câncer de língua em adulto jovem: forte associação entre tabaco e álcool.Odontologia Clínica-Científica, Recife, v. 7, n. 4, p. 353-355, out./dez. 2008. Disponível Aqui. Acesso em: 11 jan. 2010.
Agora uma autoavaliação para finalizar o estudo desse tema.
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