A ocupação de cuidador integra a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), de 2002, sob o código 5162, que define o cuidador como alguém que "cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida".
Geralmente a atividade é desenvolvida por alguém da família ou da comunidade, com ou sem remuneração, e na maioria das vezes sem formação para isso. Sua função pode ser compreendida mais claramente como acompanhar e auxiliar a pessoa a se cuidar, fazendo pela pessoa somente as atividades que ela não consiga fazer sozinha.
O cuidador nem sempre escolhe sê-lo. Quando uma pessoa se adoenta ou se torna dependente na família ou na comunidade, algumas pessoas se revelam como cuidadoras, tornando esta uma tarefa nobre, porém complexa, permeada por sentimentos diversos e contraditórios, tais como raiva, culpa, medo, angústia, confusão, cansaço, estresse, tristeza, nervosismo, irritação, choro, medo da morte e da invalidez.
Do outro lado está o enfermo incapacitado também com os mesmos sentimentos contraditórios, o que pode tornar este relacionamento entre cuidador e pessoa cuidada conflituoso.
Orientar o cuidador a reconhecer seus próprios sentimentos e os do dependente pode ajudar a suavizar as relações.
Respeitar a autonomia do acamado também pode ser útil.
Devemos nos lembrar que, muitas vezes, a pessoa cuidada parece estar dormindo, mas pode estar ouvindo o que falam a seu redor. Por isso, é fundamental respeitar a dignidade da pessoa cuidada e não discutir, em sua presença, fatos relacionados com ela, agindo como se ela não entendesse, não existisse, ou não estivesse presente.
A doença ou a limitação física em uma pessoa provoca mudanças na vida dos outros membros da família, que têm que fazer alterações nas funções ou no papel de cada um dentro da família, quais sejam: a filha que passa a cuidar da mãe; a esposa que, além de todas as tarefas, agora cuida do marido acamado; o marido que tem que assumir as tarefas domésticas e o cuidado com os filhos, porque a esposa se encontra incapacitada; o irmão que precisa cuidar de outro irmão. Todas essas mudanças podem gerar insegurança e desentendimentos, além de sobrecarga, uma vez que o papel na família antes de assumir a função de cuidador não é abandonado, mas agregado aos novos papéis.
Esta sobrecarga física e emocional pode ser fator de estresse no cuidador e a Equipe de Saúde da Família deve estar apta a orientar a participação de outras pessoas para revezar no cuidado.
É essencial que o cuidador reserve alguns momentos do seu dia para se cuidar, descansar, relaxar e praticar alguma atividade física e de lazer, tais como: caminhar, fazer ginástica, crochê, tricô, pinturas, desenhos, dançar, etc.
Saiba mais:
Diversas dicas para os cuidadores podem ser encontradas no Guia Prático do Cuidador:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Guia prático do cuidador. Brasília, 2008.
Chegamos ao fim desta etapa de estudos. Procure implementar no seu dia a dia as ferramentas que estudou, aperfeiçoando sua prática dentro do contexto da Saúde da Família. Procure, também, manter-se sempre atualizado sobre o conteúdo visto.
Faça a autoavaliação proposta a seguir e bom aprendizado!