Abordagem Inicial ao Idoso, Família e Contexto de Vida
O maior desafio na atenção à saúde da pessoa idosa é conseguir contribuir para que, apesar das progressivas limitações que possam ocorrer, seja possível redescobrir possibilidades de viver a própria vida com a máxima qualidade possível. Essa possibilidade aumenta na medida em que a sociedade considera o contexto familiar e social e consegue reconhecer as potencialidades e o valor das pessoas idosas. Parte das dificuldades deste grupo relaciona-se a uma cultura que o desvaloriza e o limita.
Quando ocorre de forma “natural”, o envelhecimento não costuma provocar problemas que inviabilizam a autonomia: é o que chamamos de senescência.
No entanto, em condições de sobrecarga, como doenças, acidentes e estresse emocional, pode ocorrer uma evolução patológica com perdas e fragilidade: é a senilidade. Ambos os conceitos são apenas didáticos, pois podem necessitar de intervenções de promoção e prevenção em saúde.
Para o adequado atendimento à saúde de um idoso, deve-se evitar:
a) considerar todas as alterações como decorrentes do envelhecimento natural, atrasando diagnósticos e tratamentos; e
b) tratar o envelhecimento natural como uma doença, realizando procedimentos desnecessários (iatrogenia).
Deve-se procurar identificar as alterações esperadas no processo de envelhecer. As mudanças mais comuns são a queda na taxa de metabolismo basal, acúmulo de gordura em tronco, queda na quantidade de água corpórea, alterações na pele (rugas e flacidez) e tendência à perda de massa óssea e muscular.
Acesse o link abaixo para aprender sobre outras alterações.
Uma abordagem preventiva e uma intervenção precoce são sempre preferíveis às intervenções curativas tardias. Para tanto, é necessária a vigilância de todos os membros da Equipe de Saúde, a aplicação de instrumentos de avaliação e de testes de triagem, para a detecção de distúrbios cognitivos, visuais, de mobilidade, de audição, de depressão e do comprometimento precoce da funcionalidade, dentre outros.
A cada etapa de intervenção os membros da Equipe de Saúde deverão considerar os anseios do idoso e de sua família. Pressupondo-se troca de informações e negociação das expectativas de cada um, levando-se em conta elementos históricos do idoso, seus recursos individuais, sociais e aqueles da rede de suporte social disponível no local.
Além destas providências, deve-se procurar desenvolver mecanismos de validação das informações fornecidas pelos profissionais, bem como aquelas recebidas dos idosos, cuidadores e familiares. Ao idoso, em especial, deve-se pedir que repita as orientações que lhe foram passadas.
A preparação do ambiente e a disponibilidade de equipamentos em quantidade e qualidade, para o procedimento de entrevista ou exame, são medidas que asseguram um processo com bons resultados, evitando erros e avaliações incompletas.
Em suas ações de cuidado ao idoso, os profissionais da saúde desempenham uma variedade de papéis, entre os quais se destacam: cuidador, educador e defensor. Para o desempenho dessas tarefas, alguns princípios devem ser observados (MELLO; ERDMANN; CAETANO, 2008):
As alterações da saúde, com o envelhecimento, contribuem para o estreitamento da inserção social da população idosa. As limitações físicas, sensoriais e os déficits cognitivos, associados ou não a patologias, são fatores que interferem na autonomia e na dependência dos que envelhecem e prejudicam sua sociabilidade e bem-estar. As Equipes de Saúde da Família que se propõem a atender o idoso têm como prioridade a prática do cuidado para a manutenção da independência funcional e da autonomia do indivíduo.
Embora sejam observadas iniciativas nacionais e internacionais no campo da promoção da saúde do idoso, ainda não é visível uma articulação das práticas baseadas nos fundamentos da Promoção da Saúde e sua inserção no ambiente político-organizacional e sociocultural.
Algumas iniciativas incorporam indicadores de qualidade de vida e bem-estar subjetivos, relacionados a paradigmas recentes de envelhecimento ativo e bem-sucedido. Entretanto, ainda existem poucas e limitadas iniciativas de cuidado à saúde bucal voltadas à população idosa na perspectiva ampla da Promoção da Saúde, com ênfase na Atenção Primária.
Muitos mitos e estigmas, incluindo aqueles que acreditam que os idosos não se beneficiam de atividades preventivas e de promoção de saúde e que são pessoas difíceis de trabalhar e de alterar seus hábitos e comportamentos, permanecem como barreiras para efetivar as estratégias.
A partir dessa visão, a promoção do cuidado à saúde vem sendo organizada pelos profissionais da Odontologia restritamente e o acesso ao idoso tem se dado por meio de práticas tradicionais, pouco inovadoras e não direcionadas às especificidades deste público. Tais práticas devem ser superadas e transformadas.