Uso de medicações e reações adversas na cavidade bucal


Cerca de um terço dos idosos utiliza algum tipo de medicamento, prescrito ou não, pelo menos uma vez ao dia. No entanto, há aqueles que utilizam vários deles: cardiovasculares, anti-hipertensivos, analgésicos, sedativos, laxantes, antiácidos, entre outros.

O uso concomitante de tantos medicamentos aumenta o risco de reações adversas e diminui os níveis de segurança em seu uso. A troca de dosagens e/ou de horários de ingestão, podem causar resultados desastrosos ou, no mínimo, anular os efeitos de medicamentos.

Embora, em algumas situações, seja indicado o uso de múltiplos remédios em decorrência da presença de condições agudas e crônicas de adoecimento, uma revisão periódica e criteriosa de todas as medicações em uso é importante.

Na revisão, avaliam-se os benefícios da terapia medicamentosa, os riscos de reações adversas e de interações medicamentosas, considerando o risco para reações que afetem o equilíbrio, a mobilidade, que causem tonturas, quedas, constipação, incontinência urinária, certificando-se dos menores riscos e maiores benefícios da terapia utilizada.

A administração de terapia medicamentosa é um fator importante para manter um idoso saudável, mas envolve, também, riscos significativos por envolver habilidades complexas que, quando inadequadas, podem se tornar avassaladoras.

Membros da equipe de saúde podem atuar de forma colaborativa com os idosos garantindo a sua segurança e o uso apropriado dos medicamentos, ensinando formas alternativas de reconhecer o nome e o modo de ingeri-los, utilizando como referência símbolos e práticas do cotidiano do idoso para facilitar, por exemplo, a memorização do horário do medicamento.

As estratégias educativas incluem checar com o idoso, na consulta odontológica ou na visita domiciliar, o uso dos remédios, construírem com ele novas embalagens que auxiliem na identificação, estimular a ajuda dos familiares neste controle, orientar sobre os efeitos dos medicamentos, suas interações com os alimentos e com outros medicamentos.

A cavidade bucal é comumente acometida por reações farmacológicas adversas, embora muitas vezes estes distúrbios passem despercebidos tanto pelos profissionais da saúde, como pelos indivíduos acometidos. Isto se torna evidente quando a população idosa é avaliada. Suas peculiaridades fisiológicas, patológicas e sociais fazem com que as condições bucais fiquem em segundo plano.

Os distúrbios gustativos são comuns. Dentre eles, encontram-se a diminuição ou a perda da sensibilidade gustativa. Tais alterações são provavelmente devidas à atuação destas drogas na composição da saliva e do fluxo salivar.

Esta informação deve ser compartilhada com o idoso, pois no caso da persistência do uso da medicação, os sintomas não serão eliminados. Por outro lado, com a suspensão do medicamento, a remissão é gradativa, podendo levar até, aproximadamente, 8 semanas.

A ação tópica, ou seja, direta, dos medicamentos na cavidade bucal pode, além de desencadear ulcerações bucais, como queimaduras, causar um incremento nos desafios cariogênicos, pelo desequilíbrio do pH bucal, quando estes fármacos são veiculados com altas concentrações de açúcar. O processo de cárie dentária também pode ser desencadeado por ação indireta. Primeiro, pela possibilidade de redução do fluxo salivar, dificultando a ação dos tampões salivares, e segundo, pela xerostomia, pela tendência de alterações comportamentais provocada, tais como, a ingestão de balas para a diminuição da sensação de boca seca.

O que você acha de verificar sua aprendizagem?

Então faça sua autoavaliação.

Créditos
Mello