Dificuldades na adesão ao tratamento medicamentoso por pacientes idosos hipertensos analfabetos: como atenuar o problema da compreensão da prescrição através de intervenções simples e possíveis na atenção primária em Pedra Branca/CE

Abstract

O envelhecimento populacional, através do aumento da expectativa de vida, tem se estabelecido nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. No Brasil, grande parte da população idosa, principalmente a de maiores de 80 anos, teve pouco ou nenhum acesso a escola, segundo o censo de 2010 do IBGE. A terceira idade vem comumente associada a comorbidades, dentre elas as doenças cardiovasculares, principalmente a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). A HAS é uma doença crônica, e seu tratamento concentra-se principalmente na mudança de estilo de vida e na terapia medicamentosa, que muitas vezes pode chegar a mais de quatro classes de medicamentos. Na população hipertensa do território que pertence à UBS Teodozio Gonzaga de Oliveira, no município de Pedra Branca- Ceará, percebeu-se que muitos pacientes idosos, também analfabetos, portadores de HAS e outros agravos, cujo tratamento medicamentoso contemplava mais de uma medicação, tinham sua doença descompensada principalmente pela dificuldade cultural de adesão ao tratamento. Para intervir neste problema, criou-se um dispositivo para guardar e indicar remédios de fácil produção, de baixo custo e com linguagem acessível que facilitasse a esses pacientes superar a dificuldade da pouca leitura. Foram escolhidos pacientes sob requisitos específicos e lhes foram distribuídos esses dispositivos e explicado seu funcionamento; e posteriormente foi feita uma reavaliação dos níveis pressóricos dos indivíduos. Constatou-se que mais 80% dos pacientes que tiveram acesso ao “porta-pílulas ilustrado” apresentou melhor controle dos níveis pressóricos em relação àqueles que não tiveram acesso ao dispositivo proposto.