FICHA TÉCNICA DO RECURSO

RACIONALIZAÇÃO DO USO DE PSICOTRÓPICOS EM EQUIPE DE SAÚDE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA
Herculândia é um município do Estado de São Paulo com estimativa de 9.526 habitantes segundo os dados o censo do  IBGE 2019. A cidade está organizada em 3 unidades básicas de saúde, cada uma com uma equipe.  A Equipe de Saúde II é a maior delas em número de cadastrados. Desde o início das atividades profissionais vinculadas a equipe,  iniciadas em novembro de 2018, observou-se que percentual considerável da população sofria de algum tipo de sofrimento psíquico. Nesse contexto, notou-se um elevado número de pedidos de renovação de receitas com prescrição de psicotrópicos de maneira indiscriminada, casos em que pacientes faziam uso de drogas da mesma classe ou classes diferentes com efeitos similares. Não se observava objetivo de desmame no tratamento proposto ao paciente, nem alternativas de tratamento com efeito sinérgico ou substituto ao uso desses medicamentos. Houve caso em que o paciente se automedicou; outros que no ato de pedido da receita o paciente por julgar que o medicamento não fazia efeito, pedia a receita com posologia ou concentração diferente. Além de tais vícios, os pacientes e a equipe se habituaram às "prescrições de repetição" de modo que pacientes questionaram com frequência a motivação de retorno a consulta para reavaliar a necessidade de manter a prescrição. Diante disso, propusemos reavalair as reais indicações das prescrições de benzodiazepínicos e psiscotrópicos  afins, com finalidade de propor prescrição racional de medicamentos. Dentre as ações propostas, destacaram-se: chamar à consulta pacientes com prescrição de psicotrópicos de longa data que não passavam em consulta médica há mais de 1 ano; ajustamento da dose de medicamentos; acompanhamento conjunto com psicóloga de casos que seguiam sem avaliação; pedido de pareceres de peritos médicos (neurologista e psiquiatra) de paciente que estavam em polifarmácia por prescrição individual; acompanhamento conjunto com a farmácia para realizar controle na liberação dos psicotrópicos, com fins de inibir pacientes que se automedicavam e retiravam medicamentos antes do prazo; proposta de desmame de benzodiazepínicos; orientações de higiene do sono com fins de minimizar prescrições para distúrbios do sono. Dos aproximados 350 pacientes que fazem uso de benzodiazepínicos, nos últimos 5 meses foram encaminhados 27 pacientes para avaliação psiquiátrica. Destes, aproximadamente 100 pacientes foram encaminhados para avaliação e acompanhamento psicológico, sendo que destes, 40 pacientes aguardam vaga para avaliação. Houve também pacientes que foram avaliados, proposto acompanhamento conjunto  com médico-clínico e psicólogo, introdução de modulador da serotonina, disponível em rede SUS, a exemplo do citalopram, sertralina e  fluoxetina, permitindo com isso, não introduzir benzodiazepinícos.Conforme relatório gerado a partir do banco de dados da Farmácia de nossa unidade, no período de 01/09/2019 à 29/02/2020 houve oscilação na curva de uso de psicotrópicos, em todas as classes; alguns meses redução, outros meses com aumento do consumo.Dos medicamentos que evidencia-se redução sustentada no consumo, destacam-se o Clobazam 20mg e e Nitrazepam 5mg. Para esses, houve redução da metade do número absoluto consumido em setembro de 2019, dois meses antes de selecionar os pacientes para avaliação psiquátrica. O aumento nos meses de janeiro e fevereiro para consumo de Bromazepam 3 mg se justifica pela falta de Bromazepam 6mg na unidade; com isso eram liberados 2cp para correspondência posológica. De maneira geral, infere-se que a despeito do acompanhamento multiprofissional entre os médicos clínico, psiquiatra e a psicólogo, houve redução parcial no consumo de psicotrópicos da classe dos benzodiazepínicos. Tal achado se deve a multifatores: resistência da população ao desmame, sintomas de abstinência apresentados durante o desmame, acesso financeiro a alternativas farmacológicas para tratamento de distúrbios do sono, onde paciente persiste no uso de benzodiazepínico por falta de condições de compra da alternativa apresentada. Entretanto, concluímos que foi positivo o trabalho, considerando-se as ações desenvolvidas junto a equipe de profissionais e aos pacientes com fins de potencializar o uso racional de psicotrópicos. 

  • COMPOSTOS QUÍMICOS E DROGAS (D )
  • Ações e Usos de Compostos Químicos (D27 )
  • Ações Farmacológicas (D27.505 )
  • Usos Terapêuticos (D27.505.954 )
  • Fármacos do Sistema Nervoso Central (D27.505.954.427 )
  • VIGILÂNCIA SANITÁRIA (VS )
  • Vigilância Sanitária de Produtos (VS2 )
  • Controle de Medicamentos e Entorpecentes (VS2.002 )
  • Preparações Farmacêuticas (VS2.002.001 )

  • COMPOSTOS QUÍMICOS E DROGAS (D )
  • VIGILÂNCIA SANITÁRIA (VS )
  • Vigilância Sanitária de Produtos (VS2 )
  • Controle de Medicamentos e Entorpecentes (VS2.002 )

  • PSIQUIATRIA E PSICOLOGIA (F )
  • Fenômenos Psicológicos (F02 )
  • ASSISTÊNCIA À SAÚDE (N )
  • Características da População (N01 )
  • Saúde (N01.400 )
  • SAÚDE PÚBLICA (SP )
  • Atenção à Saúde (SP2 )
  • Saúde (SP2.770 )

https://ares.unasus.gov.br/acervo/static/files/Termos de uso do ARES.pdf
https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/26845
25/Apr/2022