FICHA TÉCNICA DO RECURSO

ALÉM DAS APARÊNCIAS: UM ESTUDO DO TERRITÓRIO TUPINAMBÁ ALDEIA ITAPUÃ, DISTRITO SANITÁRIO ESPECIAL INDÍGENA BAHIA.
A presente monografia foi construída como atividade integrante do Curso de Especialização em Saúde Indígena da UNASUS/UNIFESP no ano de 2020 e realizou um estudo demográfico, histórico, cultural e sanitário da Aldeia Itapuã, aldeia da etnia Tupinambá de Olivença localizada na área rural da cidade de Ilhéus no sul do estado da Bahia. Esse território faz parte da Terra Indígena, ainda não demarcada pelo estado brasileiro, reivindicada como tradicional pela etnia Tupinambá de Olivença e é assistido pela Equipe Multiprofissional de Saúde Indígena (EMSI) do Pólo Base de Saúde Indígena de Ilhéus, da qual o autor faz parte. Pertence ao território sobre responsabilidade sanitária do Distrito Sanitário Especial Indígena Bahia (DSEI Bahia). Utilizando diferentes fontes de informação (dados do SIASI e do Sistema Local de Informação em Saúde - SLIS; entrevistas com anciões, lideranças, moradores e profissionais de saúde atuantes há vários anos no território; livros, teses de mestrado e de doutorado acadêmicos;  vídeos e verbetes disponíveis em sites de instituições indigenistas amplamente reconhecidas como o Instituto Socioambiental e o Conselho Indigenista Missionário etc) pudemos conhecer uma multiplicidade de aspectos históricos, culturais, políticos e demográficos que atuam como fatores determinantes nos processos saúde-doença que afetam a população dessa aldeia. Trata-se de uma aldeia indígena habitada por uma etnia com história secular de contato com a sociedade envolvente, fundada em 2007 em meio ao processo conflituoso de retomada territorial e de ressurgimento étnico do povo Tupinambá de Olivença. Em dezembro de 2020, tem uma população de 201 habitantes com predominância de adultos jovens e crianças, que trabalham principalmente na agricultura familiar, no extrativismo da piaçava, na produção e venda de artesanatos, com turismo e na prestação de serviços gerais nos condomínios e hotéis da região. Por razões históricas, falam predominantemente a língua portuguesa mas preservaram diversas palavras de sua língua materna e vem realizando o  ensino e o resgate do uso do tupi-guarani através das atividades desenvolvidas na escola da aldeia, o Colégio Amotara. Residem majoritariamente em pequenas casas de taipa, sem acesso a coleta de lixo, sem sistema de tratamento de água para consumo e sem sistema de esgotamento ou de tratamento dos efluentes domésticos. São praticantes de diferentes religiões sendo que a maioria possui práticas sincréticas entre diferentes vertentes do cristianismo e o culto a Tupã, Jacy e aos Encantados tendo como manifestações principais a celebração anual da festa em louvor a São Sebastião e o ritual semanal do Porancim. De acordo com dados do SIASI e do SLIS, a população da Aldeia Itapuã, no ano de 2020 apresentou indicadores de saúde (taxa de natalidade, prevalência de doenças infecciosas e parasitárias, prevalência de DCNT, prevalência de Covid-19 etc) muito semelhantes ou até melhores que os da população brasileira em geral o que, dadas as condições precárias de vida observadas nessa população levantam forte suspeita sobre a fidedignidade desses indicadores e apontam a necessidade de realização de melhorias em ambos os sistemas de informação.
https://ares.unasus.gov.br/acervo/static/files/Termos de uso do ARES.pdf
https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/27030
27/Apr/2022