FICHA TÉCNICA DO RECURSO

A VIVÊNCIA, EXPERIÊNCIAS, SABERES E PRÁTICAS COMO FATORES IMPACTANTES NA QUALIDADE DE VIDA DOS INDÍGENAS DA ALDEIA ENJEITADO, ETNIA PANKARÁ EM CARNAUBEIRA DA PENHA-PE.
  A etnia Pankará localiza-se em sua totalidade na zona rural do município de Carnaubeira da Penha, sertão do estado de Pernambuco, majoritariamente na Serra do Arapuá que possui uma altitude aproximada de 900 metros de altura do nível do mar. O povo Pankará se distribui em 46 (quarenta e seis) aldeias compostas por um contingente populacional de 3065 (três mil e sessenta e cinco) índios aldeados. A aldeia Enjeitado, local escolhido para o estudo, está situada no ápice da Serra do Arapuá e conta com uma população de 98 (noventa e oito) indígenas aldeados (SIASI/ POLO BASE PANKARÁ, 2019).         O processo do cuidado e prevenção a agravos na aldeia se baseia nas práticas tradicionais indígenas conjuntas com as práticas da medicina ocidental técnica, esta última bem evidente pelo elevado número de indígenas que usam a medicina farmacêutica para controle de seus agravos à saúde. A medicina tradicional, aplicada na aldeia, se baseia no uso das plantas e outros "remédios" culturais usados e prescritos pelos pajés, benzedeiras, parteiras tradicionais, entre outros. Culturalmente, os rezadores se reúnem em momentos e espaços específicos para a prática das rezas, danças de toré, seres iluminados pelos Encantos de luz e é aí onde são procurados para aplicar sua ciência nos indígenas enfermos. Bastante observados são as mães que os procuram para rezarem em seus filhos. Esta prática evidencia a presença do sagrado como item de prevenção e cuidado. Certo que modernização e a migração dos indígenas para os centros urbanos fez com que modificassem suas condutas e pensamentos frente ao seu cuidado e o cuidado comunitário.        Com o passar dos tempos, houveram drásticas mudanças de hábitos no padrão, qualidade de vida e nos costumes dos indígenas do Enjeitado, o que propiciou sérios danos à vida dos índios em todos os aspectos: financeiro, social, cultural, entre outros. O advento deste câmbio foi o surgimento de muitos problemas à saúde dos mesmos, como visto desde os problemas com a saúde mental, desculturação, discriminação e sérios agravos dentre eles as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), fato bem observado pela quantidade de casos de portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus tipo II (DM II), principalmente na população idosa, por exemplo.       A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial - PA (PA ≥140 x 90mmHg). Associa-se, frequentemente, às alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e às alterações metabólicas, com o aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. De alta prevalência no Brasil, a Hipertensão é considerada como a Doença Crônica Não Transmissível (DCNT) que mais afeta a vida dos habitantes da nação, podendo chegar entre 50% a 75% da afecção à população maior de 60 anos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). No período entre os anos de 2006 a 2019, a incidência de Diabetes na população passou de 5,5% para 7,4 %, tendo maior incidência em mulheres e pessoas com mais de 65 anos de idade (UNASUS-MS). Na aldeia Enjeitado, observa-se a presença de 14 indígenas com mais de 60 anos de idade (mais de 14% da população geral) e isto tem um forte impacto na vida das famílias aldeadas e na saúde dos idosos pois, após análise e pesquisa no SIASI/ Pankará e consolidados de produção da EMSI, observaram-se que 8 indígenas na faixa etária maior de 60 anos estão portadores de Hipertensão Arterial, dando uma prevalência de 57,14% de acometidos nesta faixa etária. Ao passo da existência senil da HAS observa-se registro de 03 casos de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM II) nesta população evidenciando uma prevalência de 21,42% de acometidos.       O objetivo do presente trabalho é apresentar um levantamento das práticas de autocuidado dos aldeados frente aos agravos que mais prejudicam a qualidade de vida dos indígenas da aldeia Enjeitado, focando as Doenças Crônicas Não Transmissíveis, em especial a hipertensão e a Diabetes, como consequentes evidentes e que afetam parcela considerável da população, principalmente a idosa, trazendo também à realidade a atuação das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígenas do Distrito Sanitário Especial Indígena de Pernambuco e os meios de abordagem desta realidade em busca da minimização e prevenção destes agravos. 



  • TÉCNICAS E EQUIPAMENTOS ANALÍTICOS, DIAGNÓSTICOS E TERAPÊUTICOS (E )
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  • Antropologia Cultural (I01.076.201 )
  • Cultura (I01.076.201.450 )


  • ANTROPOLOGIA, EDUCAÇÃO, SOCIOLOGIA E FENÔMENOS SOCIAIS (I )
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https://ares.unasus.gov.br/acervo/static/files/Termos de uso do ARES.pdf
https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/27058
27/Apr/2022