Dependência de Benzodiazepínicos: uma proposta de abordagem ao usuário

Abstract

O Município de Biguaçu, segundo o DATASUS, possui população total, em 2017, de 64.447 habitantes. Trabalho no bairro Fundos, considerado o mais populoso da cidade. A minha área, denominada como "Área 14", abrange, aproximadamente, 2204 famílias, totalizando uma população em torno de 6859 pessoas assistidas pela equipe. Por não termos dados demográficos levantados corretamente, nossa distribuição populacional é aproximada. A população assistida, em geral, são pessoas de muito baixa renda, solitárias, analfabetas e que dependem de algum auxílio para sobreviverem. Além disso, temos em nossa área um número consideravelmente alto de gestações não planejadas, gerando um crescimento populacional progressivo e rápido da região. Semanalmente, pacientes de outros municípios iniciam acompanhamento e relatam estarem em busca de melhores condições de vida. Em relação as comorbidades, a demanda de doenças psiquiátricas são, sem dúvida, as mais prevalentes desta população. Em decorrência disto, a dependência medicamentosa, principalmente de benzodiazepínicos, transformou-se em um marco cultural muito difícil de se abordar nas consultas. Há um aumento dos transtornos ansiosos e afetivos nos dias atuais e a prescrição indiscriminada com a falsa ideia do paciente de que o medicamento trará conforto e cura dos seus problemas levam a uma dependência medicamentosa significativa. O objetivo geral é de construir juntamente com a Equipe de Saúde da Família do município, um plano de ações de promoção em saúde dos pacientes em uso crônico de psicotrópicos. Será feito um levantamento de informações através de um questionário bem elaborado, direcionado aos usuários de benzodiazepínicos, e aplicado no primeiro e último encontro de um grupo de apoio que será formado. As reuniões serão administradas pela médica da família com participações do Psicólogo do NASF e Psiquiatra da rede. Espera-se no mínimo 80% de adesão dos usuários crônicos do bairro nas reuniões. Conforme visto na revisão de literatura, grande parte dos dependentes de benzodiazepínicos estão em uso devido a uma prescrição indiscriminada e isso poderá ser avaliado no questionário. Além disso, após orientações sobre os malefícios do seu uso a longo prazo durante os encontros, o esperado é que pelo menos 50% destes usuários participantes consigam realizar a redução gradativa e abstinência total do medicamento com um acompanhamento médico adequado. A metodologia ainda não foi aplicada. Estamos vivendo um momento de Pandemia pelo COVID-19, onde o confinamento trará muitas complicações associadas à saúde mental, sendo um projeto muito oportuno e o objetivo será iniciar quando a situação atualmente estiver controlada.